Texto: Sandra Petry*
(Dezembro/2008)
Pedagoga, Orientadora Educacional
da Rede Municipal de Jaraguá do Sul-SC.
O professor percebe, ao longo do ano, os alunos com maiores
dificuldades de aprender e sabe que é nesses que sua atenção e sua experiência
técnica deve se focar.
Porém, é comum que a ansiedade e a pressão do ambiente
escolar acabem por transformar a avaliação em punição, assim como os baixos
resultados dos alunos frente aos parâmetros esperados, façam-nos, por sua vez,
os tais “indisciplinados”. Quando as distorções se encontram (a do professor e
a do aluno), confunde-se a indisciplina do aluno com desrespeito e
desinteresse, a reprovação toma a vez do Juízo Final, do Dia do Julgamento. Há
alunos indisciplinados com boas notas, mas esta indisciplina quer dizer algo à
escola...
Lembre-se dos conselhos de classe: “Fulano apronta todas e tem nota baixa: reprovamos!” “Beltrano é muito “fraquinho”, mas é quieto, se esforça: uma chance - aprovamos!” “É novinho e nunca reprovou...bomba nele!”
Lembre-se dos conselhos de classe: “Fulano apronta todas e tem nota baixa: reprovamos!” “Beltrano é muito “fraquinho”, mas é quieto, se esforça: uma chance - aprovamos!” “É novinho e nunca reprovou...bomba nele!”
Quando paramos para refletir, lembramos que reprovação não é
castigo, não é vingança, não é solução. Reprovação é fracasso do sistema de
ensino (quando existe um), fracasso da escola, da família. Mas a vítima é o
aluno. Achamos justo que o aluno desrespeitoso, debochado, indisciplinado e
arrogante seja reprovado.
Quantas vezes o sistema de orientação educacional desenvolveu um trabalho completo, de visão sistêmica, sobre este aluno, sua situação e sua família?
Quantas vezes o sistema de orientação educacional desenvolveu um trabalho completo, de visão sistêmica, sobre este aluno, sua situação e sua família?
Por trabalho completo entende-se aquele onde a orientação
educacional ou coordenação pedagógica estudam o caso e sua história de vida,
traçam o perfil socioeconômico, educativo, familiar, afetivo, clínico e
cognitivo e fazem os devidos encaminhamentos; depois traçam metas conjuntas
(aluno –escola –família -centros especializados) e acompanhamento adequados,
devolutivas aos professores, apoio pedagógico, orientação, novos parâmetros de
aprender conteúdos que tenham significado, novos olhares de mundo, alternativas
de conduta, escolhas de vida.
Claro que já temos a esta altura educadores rindo: em qual
mundo o (a) autor (a) vive? Quantas escolas brasileiras possibilitam tais
trabalhos de orientação educacional? Por
acaso substituir professores faltosos ou fazer cartazes para homenagens é
trabalho de orientação? Dar bronca no Juquinha ajuda em quê?