DESPERTAR É PRECISO
.
NO CAMINHO COM MAIAKOVSKI
Por Eduardo Alves da Costa
[...] Na primeira noite eles se aproximam e roubam uma flor
do nosso jardim,
E não dizemos nada.
E não dizemos nada.
Na segunda noite, já não se escondem; pisam as flores, matam
nosso cão,
E não dizemos nada.
Até que um dia, o mais frágil deles entra sozinho em nossa
casa,
rouba-nos a luz, e, conhecendo nosso medo, arranca-nos a voz
da garganta.
E já não podemos dizer nada.
O poeta Eduardo Alves da Costa garante que Maiakovski nada
tem a ver com o tema: "Durante mais de 30 anos acreditaram que o poema era dele. O poema saiu em jornais universitários, nos anos 70, com
crédito para Maiakovski. Fizeram até camisetas na época das Diretas - Já.
Virou símbolo da luta contra o regime militar. O psicanalista Roberto Freire
incluiu em um livro dele e deu crédito ao russo Maiakovski e me
colocou como tradutor. Mas já encomendei da França a obra completa do
Maiakovski. Quando alguém me questionar, entrego os cinco volumes e mando achar
o poema”.
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