"Vocês ouvirão agora uma ópera. Porque
ela foi planejada de forma tão pomposa, como só um mendigo poderia sonhar, e
porque ela deveria ser tão barata, que até os mendigos possam pagar, ela se
chama “A Ópera dos Três Vinténs".
A "Ópera dos Três Vinténs" de
Bertolt Brecht e Kurt Weill, estreou, há 86 anos, em Berlim, no dia 31 de
agosto de 1928. Essa estreia ocorreu quase 200 anos depois da apresentação da
obra “Ópera do Mendigo” (The Beggar’s Opera) de John Gay. Por António José
André
Bertolt Brecht adaptou “A Ópera do
Mendigo” para uma nova obra de crítica política ao capitalismo e como expressão
da sua visão vanguardista. Muito da reputação histórica de “A Ópera dos Três
Vinténs” residiu nas técnicas dramatúrgicas experimentais de Brecht.
Brecht criticava as disparidades
sociais da época: "Quero fazer teatro com funções sociais bem definidas. O
palco deve refletir a vida real. O público deve ser confrontado com o que se
passa lá fora para refletir como gerir melhor a sua vida", dizia
No final do segundo ato, por exemplo, o
elenco discute a condição humana: "Num mundo como este, o homem, para
sobreviver, tem de suprimir a sua humanidade e explorar o seu semelhante".
“A Lei foi feita única e exclusivamente
para explorar aqueles que não a entendem ou que, por pura necessidade, não
podem cumpri-la. E quem quiser receber sua parte nesta exploração tem que agir
rigorosamente dentro da Lei”.
O teatro de Brecht tira os mocinhos do
papel de protagonistas, coloca os bandidos, não tem intenção de fazer um teatro
moralista, mostra como a sociedade é hipócrita na cara dura e o final não se
pode esperar a redenção ou arrependimento, afinal, uma vez malandro, sempre
malandro.
A arte imita a vida, sabemos que os
maiores ladrões são políticos e empresários, sonegadores de impostos,
enriquecem ilicitamente e ainda ganham todo conforto. É um das peças de cunho
político-social, que denuncia uma sociedade sem ética, sem princípios e amoral,
que protege o bandido e humilha as pessoas que trabalham honestamente e não têm
direito a nada. É tão atual, não?
Fonte:
http://www.esquerda.net
organizando-o-caos.blogspot.com
http://www.dw.com
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