domingo, 12 de junho de 2016

A "ÓPERA DOS TRÊS VINTÉNS" - Bertolt Brecht


"Vocês ouvirão agora uma ópera. Porque ela foi planejada de forma tão pomposa, como só um mendigo poderia sonhar, e porque ela deveria ser tão barata, que até os mendigos possam pagar, ela se chama “A Ópera dos Três Vinténs".

A "Ópera dos Três Vinténs" de Bertolt Brecht e Kurt Weill, estreou, há 86 anos, em Berlim, no dia 31 de agosto de 1928. Essa estreia ocorreu quase 200 anos depois da apresentação da obra “Ópera do Mendigo” (The Beggar’s Opera) de John Gay. Por António José André


Bertolt Brecht adaptou “A Ópera do Mendigo” para uma nova obra de crítica política ao capitalismo e como expressão da sua visão vanguardista. Muito da reputação histórica de “A Ópera dos Três Vinténs” residiu nas técnicas dramatúrgicas experimentais de Brecht.

Brecht criticava as disparidades sociais da época: "Quero fazer teatro com funções sociais bem definidas. O palco deve refletir a vida real. O público deve ser confrontado com o que se passa lá fora para refletir como gerir melhor a sua vida", dizia


No final do segundo ato, por exemplo, o elenco discute a condição humana: "Num mundo como este, o homem, para sobreviver, tem de suprimir a sua humanidade e explorar o seu semelhante".

“A Lei foi feita única e exclusivamente para explorar aqueles que não a entendem ou que, por pura necessidade, não podem cumpri-la. E quem quiser receber sua parte nesta exploração tem que agir rigorosamente dentro da Lei”.

O teatro de Brecht tira os mocinhos do papel de protagonistas, coloca os bandidos, não tem intenção de fazer um teatro moralista, mostra como a sociedade é hipócrita na cara dura e o final não se pode esperar a redenção ou arrependimento, afinal, uma vez malandro, sempre malandro.



A arte imita a vida, sabemos que os maiores ladrões são políticos e empresários, sonegadores de impostos, enriquecem ilicitamente e ainda ganham todo conforto. É um das peças de cunho político-social, que denuncia uma sociedade sem ética, sem princípios e amoral, que protege o bandido e humilha as pessoas que trabalham honestamente e não têm direito a nada. É tão atual, não?

Fonte:
http://www.esquerda.net
organizando-o-caos.blogspot.com

http://www.dw.com


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